A cara de mau do Tubarão, atualmente, sequer assusta os púberes do Clube Atlético Cambé
Por Leonardo Felix
Mostra-se cada vez mais perene a triste saga do Londrina Esporte Clube (LEC). Capaz de levar à neurastenia até o mais pacato e otimista torcedor, a recente sucessão de reveses parece ser inspirada em algum artigo de Arthur Schopenhauer. Nesta semana, novo capítulo foi destrinchado e mais uma vez a mão do carrasco alimentou a agonia de um frágil Tubarão e de seus entusiastas.
A equipa londrinense conseguiu ser derrotada pelo Clube Atlético Cambé (CAC), time da terceira divisão do campeonato paranaense. Detalhe: o CAC entrou em campo sem a melhor formação, apenas com os “pratas da casa” – jovens entre 17 e 20 anos formados pelo clube. O jogo-treino, realizado no Centro de Treinamento do Nichika, terminou no econômico placar de um tento a zero em prol do simpático clube do município adjacente.
O episódio é apenas mais uma camada de glacê deste amargo bolo, que há tempos está torrado no forno. Só nos últimos 12 meses, o LEC foi rebaixado à divisão de acesso do torneio estadual, eliminado da Série D do campeonato brasileiro, teve seu presidente afastado por denúncias de corrupção, opera atualmente por intervenção da Justiça do Trabalho – único clube brasileiro a alcançar tal proeza -, está com a administração nas mãos de um obscuro grupo paulista (autorizado pela justiça a gerir o time), viu os dois estádios citadinos (Jacy Scaff, vulgo Do Café, e Victorino Gonçalves Dias, o VGD) serem interditados pela Federação Paranaense de Futebol, por não terem condições de abrigar partidas profissionais, teve com isso de promover a partida de volta da Copa do Brasil, contra o Uberaba, de Minas Gerais, na cidade de Paranavaí e ainda viu o time mineiro deitar, rolar, abanar o rabo, fingir de morto, dar a pata e ficar com o osso da vaga. Sim, é de acabar com o fôlego e o estoque de vírgulas.
A derrota para os púberes cambeenses espantou o supervisor do Tubarão, Edenilson Franco, que soltou: “achávamos que precisaríamos de seis reforços, mas acho que teremos que trazer 11”. E assim a saga segue, segue a saga, com promessas de muito sofrimento durante a série B do paranaense. No arrebol, apenas a turva neblina opalescente que esconde qualquer perspectiva de progresso. O Tubarão continua engessado, preso a uma cadeira de rodas, descendo descontroladamente pela íngreme ladeira, em meio a cactos espinhosos, sem saber até onde vai esse doloroso declive.